quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Sem título 1

Todos os dias acordo com dor de cabeça, mas, como é algo "comum", opto por não tomar um analgésico, afinal, às 6h30 tenho que ingerir a dose diária de 100 mg de cloridrato de sertralina para não ter vontade de chorar quase 100% do tempo. Em geral, funciona, pelo menos na frente dos outros. Tento suportar a dor. Às vezes passa, mas, lá pelas 10h, se não passou, está forte pra cacete, então, não tenho outra alternativa senão tomar a primeira dose de 500 mg de Dipirona, se não estiver tão forte, ou de 400 mg de Ibuprofeno, se for uma dor arrasadora. À tarde, senão passou, tomo mais uma dose, aliada ao cafezinho para espantar o sono que, por sinal, veio com a sertralina. Chega a noite e finalmente posso relaxar vendo TV e me entupir de uma realidade que não é minha (mas que gostaria que fosse). Deito para dormir e o sono não vem. Fico lá, deitadona, por uma hora e nada... Tento mais uma hora e nada... Até que, sentindo o desespero de ter que ouvir o despertador tocar às 6h no dia seguinte (ou às 5h30 quando tenho que lavar a juba), sucumbo a 5 mg de Patz sublingual, sabor laranja, que em 5 minutos me traz o sono que não veio depois de duas horas. Capoto. Desperto. Dor de cabeça outra vez. Agora pior, com um certo gostinho de ressaca, porém sem a parte boa da alegria do álcool na presença de amigos na noite anterior. Ibuprofeno outra vez, café para espantar o sono, sem esquecer a sertralina, é claro, para se manter sempre firme e não chorar. E assim corre a minha vida, nesse ciclo que parece não ter fim. 
Alguns poderiam dizer "mas por que você não faz isso?"... "ou aquilo?"... "ou aquilo outro?". Eu sei, eu sei de tudo isso. Sei que a meditação e a atividade física são excelentes para resolver essa espécie de disfunção, que, de acordo com a minha mãe, é algo que faz parte de mim, pois ela sempre me disse que eu nasci de uma célula nervosa. Pode rir porque é engraçado, sei que é brincadeira e não ligo. Até porque, em parte, ela tem razão. Existem diversas explicações para uma pessoa ser o que ela é: genética, história, cultura, psique e tudo mais (me perdoem os especialistas se disse besteira).
Eu até hoje não entendi bem essas explicações. Minha psicóloga me explicou o porquê da minha irritação desde a infância. Eu entendi, mas nem por isso me sinto menos culpada ou menos amada por não ser a florzinha da vez, a querida que está sempre bem, que não erra... nunca. A pessoa desencanada, que não liga para nada, para a qual tudo está sempre ótimo.
Eu não sou essa pessoa. Eu me incomodo com quase tudo no mundo. Me incomodo com sujeira, me incomodo com gente que fala alto em espaço público, me incomodo quando alguém tem uma atitude que para mim é ilógica, me incomodo quando alguém não se indigna, me incomodo quando as coisas não saem como planejei... como eu disse, eu me incomodo com tudo ou quase tudo. E eu entendo, perfeitamente, como deve ser difícil conviver com alguém como eu. 
Agora, se você se incomoda convivendo comigo algumas horas por dia, imagine como eu me sinto convivendo comigo mesma o tempo todo? O sentimento não é incômodo, na verdade, mas medo, culpa, raiva e dor, principalmente, muita dor. Isso não significa que as pessoas tenham que aceitar tudo o que eu digo e faço, não. Eu sou capaz de fazer autocrítica e, principalmente, reconhecer um erro e pedir desculpa. E eu tenho realmente pensado nisso esses dias, sobre como equilibrar essas coisas. Como eu posso amenizar a minha dor de modo a não incomodar quem está ao meu lado e não perder essa pessoa? Eu ainda não sei, mas estou tentando descobrir.
*Este texto não teve planejamento então foi tomando caminhos tortuosos, mas a intenção era falar de dor. Tenho pensado muito no rapaz do vídeo a seguir.

https://www.youtube.com/watch?v=gKRCeW52POA



segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

A vida e o porta-joias

Depois de dois cafés e uma xícara concentrada de chá mate, é claro que a noite chegou e o sono foi embora. Uma pilha de trabalho para fazer, mas veja que coisa, a vontade de trabalhar também se foi. O que fazer então? Perder-se nas milhares de atualizações no Facebook, what else?
Cavucando a vida alheia, percebi que a maior parte das pessoas da minha rede estão em um “relacionamento sério” com alguém, seja noiva/o, namorada/o, namorida/o. O fato é que todos (ou quase todos para ser justa) têm seu par. Pensei com os meus botões: poxa, será que sobra alguém pra mim?
A vida parece mesmo um belíssimo porta-jóias, em que convivem pares e pares de brincos. Ela se organiza em pares. Esses pares podem se desfazer, mas, provavelmente, por obra do destino ou empurrãozinho de um amigo, podem se rearranjar em novos pares. E assim a vida segue…
Pensando nisso, me lembrei que os brincos, apesar de existirem em pares, podem também existir sozinhos, ou ao menos distantes do seu par. Enquanto um está perdido no fundo de uma gaveta, o outro está caído e esquecido embaixo da cama. Em casos desse tipo, estes brincos podem um dia se encontrar e voltarem a ser um par, mas em outros, talvez eles nunca se encontrem, talvez estejam perdidos para sempre. Quem sabe?

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O caminho de volta


Entre tantos e tantos filmes que eu adoro “O Homem do Futuro” e “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” são os que mais me inspiram. Este por realizar meu maior sonho que é um dia poder andar pelas ruas de Paris (ainda que virtualmente) e por contar uma história singela com personagens encantadores, não por serem perfeitos ou heróis, mas por terem simplesmente cada um o seu conflito, a sua humanidade. O outro por sempre me lembrar de quem eu fui há nove anos atrás e de tudo aquilo que abandonei. Por me lembrar dos meus anos em São Carlos em que descobri a dor e a delícia de ser livre.
Revendo este filme hoje à tarde, numa tentativa de dar uma cara de férias para os poucos dias de descanso que me restam, me lembrei de que foi ele que me inspirou a criar este blog há quase um ano atrás. Como dá para perceber, eu não sou uma blogueira muito assídua, há poucos textos nestes quase doze meses, o que mostra que não houve tanta coisa para me inspirar assim... Ou então que, simplesmente, não me senti inspirada a escrever. E, ainda que ele seja lido por meia dúzia de pessoas queridas (as que realmente importam) e que ele não fale de assuntos relevantes como saúde, turismo, feminismo ou dicas de maquiagem, ele tem uma razão de existir muito particular. Ele fala da minha vida, daquilo que eu sinto e percebo ao redor e este é o seu único fim. Ele é um caminho de retorno a mim mesma, aquela garota ávida por conhecer o mundo que eu deixei lá em São Carlos. Ainda que minha vida seja bem comum e não interesse a ninguém, ela interessa a mim e só a mim.
Este blog é uma tentativa de redescobrir minha paixão pela escrita (perdida entre tantas letras) e por aquilo que a inspira. É uma tentativa de fazer os meus olhos brilharem novamente e de voltar a ver o mundo não com as cores que ele realmente tem, mas com as cores do amor à vida, seja ela como for. De resgatar a lucidez para se interessar pela pequenez da vida comum. De confraternizar a garota do passado que deixei lá em São Carlos com a mulher do futuro, em um presente que, espero, torne-se intensamente vivo.


domingo, 25 de março de 2012

Ne me quitte pas mon petit doux!

Lá se foram quase três meses desde que começou o ano e eu não voltei pra yoga, não parei de comer porcaria, continuo gastando bastante tempo em frente à TV e não mexi meu traseiro gordo para fazer caminhada. Também não entrei no ritmo da produtividade que o trabalho exige. Mas entrei no velho ciclo da culpa por não cumprir as coisas que me prometi.
É impressionante como é difícil nos livrarmos de velhos hábitos e construirmos outros novos! Toda passagem ou começo de ano é a mesma coisa. Fazemos mil promessas e várias resoluções para o novo ano, mas será que conseguimos cumpri-las?
Há anos que venho "prometendo" deixar de fazer várias coisas, como deixar de ser "reclamona", fazer atividade física, ler mais, comer menos... enfim, deixar hábitos ruins e cultivar bons hábitos. Mas, entra ano e sai ano, não faço nada daquilo que prometi para mim mesma. Nos primeiros momentos de ansiedade vou logo correndo para os braços do primeiro chocolate que vejo pela frente. Depois de dois ou três dias de caminha obstinada, me permito simplesmente ficar em casa, com a bunda na cadeira. Ao invés de encontrar Darcy Ribeiro, Schopenhauer, Foucault e Clarice Lispector que me observam toda noite através da estante, me deixo levar pelo blá-blá-blá de Crô e Tereza Cristina (mentira, porque odiava esta novela, foi só um exemplo). Por que é tão difícil investirmos naquilo que pode nos fazer bem? Não aquele bem momentâneo que o chocolate nos traz na hora do stress, mas o bem real, aquele capaz de proporcionar o equilíbrio do qual o corpo precisa?
Há alguns meses tenho tido um probleminha (nada grave, mas um pouco chato) cuja solução é bastante conhecida: abandonar os bombons, quindins, bolos e tortas e se entregar às verduras, frutas e legumes, de forma bastante apaixonada e desinteressada. Ah! Isso é fácil! Não, não é! Para uma pessoa extremamente viciada em doce como eu, parece uma missão quase impossível! Não é que não veja nenhum charme nas delícias naturais, mas é que sempre acabo dando preferência para o industrializado e doce carboidrato.
É uma coisa muito louca, porque por mais que saiba exatamente tudo o que preciso fazer, já que desde os 13 anos de idade vivo atrás de dieta (coisa que já deixei de lado há uns quatro anos), simplesmente, na hora H, não consigo. Mas é por pura falta de hábito mesmo. É tão natural encher o copo de refrigerante ao invés de um belo suco natural ou comer uma bolachinha doce ao invés de uma barrinha integral! Como a gente faz para reprogramar a mente e deixar de lado toda essa parafernália que, se não faz mal, também não traz bem algum?
É claro que também não sou defensora da "patrulha intensiva natureba", que não permite que tenhamos estes prazeres de vez em quando. Mas, no nível que está essa minha paixão enlouquecida e essa minha falta de reflexão sobre aquilo que ando comendo, se não tomar medidas drásticas, certamente a vaca irá para o brejo...

*Não sei se a sintaxe do meu título está correta, mas era assim que queria escrever.

quinta-feira, 8 de março de 2012

A dor da despedida

A história de que a proximidade da morte de alguém querido nos faz parar e pensar em tudo que fizemos e temos feito é a mais pura verdade. E, infelizmente, chegou a minha hora de experimentar este gosto amargo. Há uma semana minha cachorra está muito mal, com vários problemas de saúde que fomos descobrindo aos poucos ao longo desses dias. Desde então, ela está quase que paralisada, não olha quando a chamamos, não levanta nem para fazer xixi e está com o olhar longe longe. Ela está muito fraca e, na verdade, já perdi as esperanças de que ela consiga resistir.
Estou contando tudo isso porque a proximidade da morte dela me fez pensar em como a vida é frágil. De repente, de um dia para o outro, ela já não estava mais ali na porta pedindo atenção, comida ou, simplesmente, olhando como nos movimentávamos na cozinha. De repente eu vou lavar o quintal e ela não está mais lá me atrapalhando, pisando onde já estava limpo. De repente, a casa ficou silenciosa, porque ela já não late mais.
Nunca fui muito apegada a ela, mas tenho sofrido muito em vê-la neste estado. Dói demais ver aqueles olhinhos tão distantes, como se fossem se fechar a qualquer instante para poder partir em paz. Estou romanceando demais a sua morte? Acho que não, pois a morte, quando vem, traz sempre tristeza, não importa quem ela leva.
A morte dói porque traz com ela sempre o vazio. Tudo aquilo que me irritava, já não existe mais ou, ao menos, está em suspenso. Tudo aquilo que fazia parte do meu cotidiano como lavar o xixi, pegar coco, dar água, não fazer barulho de noite na cozinha para que ela não acordasse e desandasse a latir já não existe mais. Eu olho pro cantinho que ela ficava e ela já não está mais lá. Ficou justamente o vazio. E aí meu caro, só mesmo o tempo para acomodá-lo em nosso cotidiano.
Todo esse sofrimento me fez pensar como é difícil ter que decidir sobre a vida de alguém, mesmo que este alguém seja apenas uma cachorra. Por pior que ela esteja e por mais remotas que sejam as chances de que ela se recupere, nos agarramos a essa vontade de preservar a vida, mesmo que isto custe a nós e a ela todo este sofrimento. Mas até que ponto podemos aguentar?
Essa triste situação me parece uma prévia de muitos outros encontros com a morte que ainda virão, já que esta é intrínseca à vida, face de uma mesma moeda, e dela não podemos escapar em algum momento. Me fez pensar o quanto devo refletir sobre minhas atitudes com os outros e até comigo mesmo para que todo este remorso, culpa e angústia não se abatam sobre mim diante de outra situação como esta. Para que a partida e a despedida possam se dar em paz.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Não sei se é triste ou não mas é verdade...

... o álcool me inspira. E muito!
Acho que isso é fruto de uma educação muito certinha. "Não faça isso, não diga aquilo..." Em suma: "comporte-se"! E. acho que, em dias normais, acabo me portando assim  mesmo. Não é à toa que as pessoas pensam que eu sou super certinha. No fundo acho que sou mesmo. Na verdade, não sei... Eu acho que na real sou honesta e ponto e as pessoas confundem as coisas. Acredito eu que defendo ideias e comportamentos muito mais progressistas do que aqueles que não se julgam "certinhos". Mas por que raios estou falando disso? Minha intenção na verdade era falar de outra coisa, mas como esta é uma tecla que tem batido insistentemente nos últimos dias acabei falando disso.
Enfim... o lance é que deus Baco me inspira e como este é um blog que em princípio seria movido à inspiração, e esta tem faltado ultimamente, hoje, às quase cinco da matina e com umas e outras na cuca, resolvi escrever.
Desde segunda me inquietei com uma coisa e hoje tive a prova disso. Na segunda, fui pagar uma conta (por sinal atrasada) no banco e la estava passando uma entrevista do filósofo Alain de Botton. Eu vi bem pouco, mas já fiquei fascinada. Ele falava da dificuldade que temos hoje em dia de se ligar a uma religião. Isso me chamou bastante a atenção, pois há algum tempo venho tentando me encontrar e não consigo. Até em cerimônia budista já fui e não me senti bem... Um lance que me incomoda bastante na religião é a questão da hierarquia, o que acaba sempre me levando a ver a religião como um mecanismo de controle. Isso me assusta e me faz pensar se em algum momento ou em algum lugar vou conseguir aquietar meu espírito inquieto.
Mas o filósofo me deu esperança e hoje tive prova disso. Ele disse que a arte é um caminho e eu sempre pensei nisso. A arte é o lugar da liberdade, ao contrário da religião, onde a gente pode se expressar como quer ou se identificar com as mais variadas formas de manifestação.
Por isso para mim ver um filme no cinema é um ritual: gosto de chegar cedo, pegar o melhor lugar possível e detesto as pessoas que não respeitam este momento, seja atendendo o celular ou conversando com o amigo do lado. 
Hoje, ao ver uma banda cover dos Beatles me emocionei profundamente ao ouvir a música "Nowhere man". à capela, no início e me lembrei do que dizia o filósofo no programa que vi naquela segunda-feira à tarde. Aquele foi um momento de catarse para mim, de uma paz profunda. Um momento de encontro comigo mesma.
Eu nem sei se alguém ainda lê o meu blog, já que faz meses que não publico nada. Mas queria compartilhar isso com vocês. Espero que em 2012 eu esteja mais inspirada.  
*Desculpe a ausência de vírgulas, mas quis deixar o texto mais solto...

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

E se ao invés do ex-operário fosse o ex-sociólogo?

Assim que vi alguns comentários que começaram a circular na internet (principalmente pelo Facebook) em relação ao câncer de Lula recentemente noticiado pela imprensa, me veio à mente a seguinte pergunta: como seria a reação das pessoas se ao invés do ex-presidente operário fosse o ex-presidente sociólogo a vítima do câncer?
Eu não cheguei a ver diretamente manifestações explícitas de felicidade ou ironia em relação ao estado de saúde de Lula, mas apenas comentários sobre tais reações através de alguns blogs e colunas. Entretanto, vi várias mensagens carregadas de sarcasmo e ironia e até mesmo campanhas pedindo que Lula se trate no SUS, sob o argumento de que se é isso que ele ofereceu ao povo é isso o que ele também deve usufruir, calcado numa espécie de revanchismo. Mais do que isso, baseia-se na ideia de que se Lula se diz como alguém do povo então deve agir como tal. E, se o povo só tem como opção de saúde o atendimento do SUS, Lula, sendo uma pessoa do povo, deveria também se tratar pelo serviço público de saúde.
Foi aí que me veio a questão acima mencionada. E se fosse o ex-presidente Fernando Henrique que estivesse com câncer? Ou mesmo qualquer outro político de um alto cargo saído das grandes universidades ou diplomados.  Será que tantas pessoas levantariam a sua voz pedindo que esta pessoa se tratasse pelo SUS e não em um hospital particular?
Com certeza não. Não me lembro à época do câncer do ex-governador Mário Covas de qualquer comentário em relação a isso. Toda esta reação inflamada contra o ex-presidente Lula mostra mais uma vez o quanto alguns setores sociais não engoliram a história de um operário chegar ao posto de presidente. Mais do que isso, evidencia a ideia equivocada que o brasileiro tem de que tudo que é "público" é sinônimo de "feito para pobre". Sendo Lula alguém que surgiu entre os mais pobres, ele deveria como tal ir se tratar no SUS. Que outro lugar melhor para o pobre ir tratar da saúde?
Acho que é mais do que justo que Lula se trate em um grande hospital se tem recursos para isso. E, mesmo que não tivesse, tenho absoluta certeza de que não faltariam pessoas dispostas a pagarem os melhores tratamentos possíveis a ele, visto o grande respeito e admiração que tem a comunidade internacional pelo ex-presidente. Admiração esta que nos remonta a um outro equívoco do brasileiro de nunca valorizar aquilo que o país tem de bom. Precisa sempre alguém de fora apontar uma qualidade que temos. Ainda assim, no caso de Lula, o rancor por um operário conquistar o que conquistou é tanto que, nem mesmo com grandes personalidades internacionais demonstrando toda a sua admiração por Lula, alguns brasileiros conseguem enxergar, independente de todos os erros que Lula possa ter cometido em sua carreira política, a grandeza de sua trajetória política e o quão simbólica foi a chegada de um ex-operário ao poder. 
Torço muito para que o ex-presidente vença este câncer com os melhores tratamentos que possa usufruir. Torço também para que ao invés das pessoas fazerem campanhas para que Lula se trate pelo SUS, perpetuando assim esse imaginário de que tudo o que é "público" é necessariamente de má qualidade, que pensem em novas formas de pressionar o governo a melhorar o serviço de saúde pública, pois assim como obrigar os políticos a matricularem seus filhos na escola pública não resolve os problemas da educação, Lula se tratar pelo SUS também não resolve os problemas da saúde pública.
Esta é uma solução muito simplista e revanchista. E se seguíssemos essa lógica, todos nós deveríamos deixar as soluções individuais em prol das soluções coletivas trocando, por exemplo, nossos convênios particulares pelo SUS, as escolas particulares pelas públicas, o carro pelo "busão" e assim por diante. Não acho que ninguém deva fazer isso. Este é só um modo de mostrar que esse tipo de "solução" que se coloca é simplista demais e não resolve os problemas históricos que temos em relação aos serviços públicos de modo geral. Serve apenas para demonstrar o imenso rancor de uma parte da sociedade que não admite até hoje um não-diplomado governando uma nação. 
É triste ver como as pessoas confundem as coisas.