segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A moça do futuro


E foi assim, vendo “O Homem do Futuro” que decidi ser feliz. Finalmente percebi aquilo que todos tentam colocar na minha cabeça há anos: não podemos mudar o passado, mas o futuro sim. “A gente não pode viver com medo”, uma das frases do filme cai hoje como uma luva pra mim. Medo tem sido o guia da minha vida há dois anos. Medo de se expor, medo de te acharem piegas, medo de sofrer, medo medo medo. Medo é uma palavra que quero banir do meu dicionário. Você pode se perguntar que raios tem a ver o filme com tudo isso. Pois eu explico.
A história ocorre no vai e vem entre passado, presente e futuro, e o passado é uma festa universitária tocando Ultraje e Legião. O passado do filme me fez lembrar o meu. Me fez lembrar os anos em que estudei arquitetura em São Carlos. Estes foram os anos mais felizes da minha vida. Eu sei que pra todo mundo os anos de faculdade são um momento mágico, mas, sem querer ser arrogante, para mim estes anos foram mais do que especiais. Foram uma espécie de libertação. Quem me conheceu aquela época e me encontra hoje sabe que não se trata mais da mesma pessoa. Quando lembro as coisas que eu fazia, como falar no microfone, por exemplo, bradar contra a amada tradição do miss bixete, eu fico pensando... será que era eu mesmo?
Sempre fui tímida e insegura, mas naquela época grandes coisas aconteceram na minha vida porque eu acreditava me mim. Eu acreditava que era capaz de dizer coisas relevantes, de contribuir com o trabalho do centro acadêmico, de participar de transformações, de atrair pessoas queridas e, mais do que isso, eu me sentia muuuuito querida, ou melhor, eu me sentia amada. Poderia citar os nomes aqui de todas as pessoas que estiveram ao meu lado nestes anos libertários, mas eu me estenderia demais, pois muitos foram os amigos que lá tive.
Infelizmente, não sei bem como explicar (se é que isso tem explicação), minha vida foi caminhando de um jeito que me fez esquecer aquela moça de anos atrás. O desejo de mudança e a necessidade de respirar sonhos foi dando lugar, aos poucos, ao medo de se mostrar e à automática mecanicidade da vida. E todos os dias o passado pesa nos meus ombros. Todos os dias o arrependimento e a raiva de ter feito as escolhas erradas vêm me cobrar. As pessoas sempre me lembram que o tempo não faz diferença, que não importa se eu vou me formar com 25 anos ou com 30, mas o fato é que na prática não é bem assim. É sofrido, principalmente quando mesmo depois de passar por tanta coisa, de trilhar um caminho ou outro você continua perdida. João (o moço do filme) precisou passar por um momento doloroso para entender que não podia mexer no passado, mas que poderia guiar seu futuro. João foi mais alguém que me lembrou que eu não posso voltar atrás e que eu devo olhar para frente. O homem do futuro acordou a moça do passado que agora deve aprender lentamente a caminhar novamente.

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