sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Olhando no espelho através de "Medianeras"

Esta semana fui novamente ao cinema, mas desta vez para assistir ao filme argentino “Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual”. Filme singelo, que trata de forma muito delicada as relações humanas nas grandes cidades, na era em que tudo é virtual. “Medianeras” mostra dois jovens que enfrentam problemas semelhantes: Mariana e Martin são dois jovens solitários, cheios de fobias (ela de elevador, ele de multidão) que moram em uma “caixa de sapato”, como dizem. Os dois sempre se cruzam na rua, pois moram em prédios vizinhos, mas nunca se encontram. Ela é arquiteta, mas trabalha com vitrines. Vive rodeada por “pessoas” de plástico, seus manequins e tem como grande mistério da sua vida encontrar o Wally na cidade, uma das páginas de seu livro. Ele trabalha com web sites e tem como fiel companheiro seu computador. Desde que sentou diante dele não saiu mais, faz tudo pela internet: lê revistas, compra coisas e “conhece” pessoas. Não digo mais sobre a história para não estragar a surpresa daqueles que ainda não viram o filme. Mas o que me motivou a falar dele foi o fato de que ao estar diante da película me sentia, na verdade, diante de um espelho. Martin e Mariana são verdadeiros reflexos de nós mesmos. Somos jovens solitários, cheios de medos e angústias. Medo de se mostrar, se expor e se machucar. Martin está diante de um mundo de possibilidades, mas não tem nenhuma. Pode conhecer milhares de pessoas pela internet e, no entanto, está sozinho. É estranho porque parece que temos tanto e na verdade temos muito pouco. O excesso de informação, conhecimento, produtos e pessoas é na verdade escassez. Escassez de momentos felizes, escassez de tempo para olharmos para nós mesmos, escassez de relações verdadeiramente humanas. Como é possível que, em meio a uma quantidade tão grande de pessoas que mora e circula em Buenos Aires (que poderia ser qualquer outra grande cidade), alguém seja solitário? O medo talvez seja uma reposta. Diante do medo, Mariana e Martin foram se enclausurando em suas caixas de sapato e em si mesmos, como a Branca de Neve presa em uma caixa de vidro (chaveiro de Mariana) ou o boneco de Martin encerrado em uma embalagem de plástico. Porém chega o dia em que decidem abrir uma janela para deixar a luz entrar e junto com ela também a vida. A redoma de vidro é quebrada e só a partir disso é que os encontros se tornam possíveis. “Medianeras” é um filme simples tratando de questões complexas, como o medo, a solidão e as relações humanas em meio à multidão. Nos emociona e nos faz rir e refletir sobre nós mesmos.



2 comentários:

  1. Mari, sorry. S´vi agora seu comentário. Não tenho entrado muito no blog. rsrs... Ele tá meio abandonadinho... Mas veja o filme sim! Vale muito a pena!

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